quarta-feira, 30 de julho de 2008

Familia Peregrina-6

Familia Kakimori
Sou yonsei (bisneta de japoneses), portanto não tive contato com meus bisavôs que migraram do Japão. Minha mãe contava histórias que seus avós haviam lhe contado quando era criança
A família Kakimori de meus bisavôs era da cidade de Nagasaki, lugar onde caiu a bomba atômica, eles contam que não sobrou muita coisa depois da bomba. Muitos familiares morreram com a bomba ou com suas mazelas: fome, doenças... Diante de tantas dificuldades a família que sobreviveu decidiu se separar e buscar um futuro melhor. Escolheram então os mais fortes e sadios, em condições de suportar a longa viagem, e juntando o pouco que lhes tinha sobrado embarcaram para o Brasil para trabalhar e juntar dinheiro para manter a família que ficou no Japão. A viagem foi um desafio e a saudade da terra natal bem difícil de suportar.
Chegando a Santos ao passar pela triagem na Imigração tiveram de adotar nomes brasileiros. Após isso foram trabalhar nas lavouras de café em uma colônia de japoneses ao norte do Paraná, nas proximidades de Apucarana, o nome da colônia ainda é Esperança. Algum tempo depois foram para o oeste do Paraná, onde compraram terras e cultivaram café. Durante muitos anos eles mandaram dinheiro para a família que havia ficado no Japão. Meus bisavôs falavam com muitas saudades do Japão, mas sabiam que devido a idade avançada não poderiam retornar, entretanto guardavam em seu coração a esperança de ver seus descendentes retornarem a sua terra natal.
Meu avô João ao contrário de seus outros irmãos nasceu no Brasil. Lá cresceu e conheceu minha avó Gertrudes através de omiai. Minha avó também é descendente de japoneses. Sua mãe era japonesa e migrou para o Brasil com a família. Ela se casou a revelia da família com um italiano que fugira da guerra na Itália e se refugiado no Brasil, dessa união nasceu minha avó.
Meus avós tiveram seis filhos, dois homens e quatro mulheres, minha mãe é a mais velha. Ela conta que quando criança morava com seus avó s paternos enquanto estes ainda eram vivos, e não falava português por isso sofreu muito quando teve de entrar na escola. Quando tinha 10 anos meus avós se separaram, minha mãe diz que foi melhor assim, pois as brigas eram muitas e meu avô havia se tornado alcoólatra, e a vida em família estava difícil.
Após a separação meu avô veio ao Japão trabalhar ,onde acabou sendo atropelado e sofrendo um derrame cerebral.Ele sobreviveu, mas ainda ficou com as seqüelas do acidente e já não podia viver sozinho, pois necessitava de cuidados.Retornou ao Brasil onde um de seus filhos o assistiu até sua morte.
Meus pais se conheceram em um encontro de jovens da Igreja e começaram a namorar, e acabaram se casando. Minha mãe não podia ter filhos e fez tratamento por longos 4 anos, mas nada resolvia. Um dia por uma bênção de Deus, em um encontro de casais eles conheceram meus padrinhos que lhes falaram sobre o perdão e por um milagre aqui estou eu,hoje com 24 anos, e depois de mim vieram meu irmão Edmilson e minha irmã Carolina .
Diante de dificuldades financeiras meus pais decidiram vir ao Japão, enquanto isso eu e meus irmãos ficamos com nossos avós paternos. Após dois anos meus pais nos trouxeram ao Japão, e aqui estamos já faz 10 anos, revivendo a saga de nossos antepassados.No começo foi difícil, mas hoje já nos acostumamos e não pensamos mais em ir embora, já adotamos o Japão como nossa pátria também, onde quer que estejamos seja no Brasil ou aqui nos sentimos em casa.

Valeria C. K.Cardozo - Comunidade de Tsuchiura

domingo, 13 de julho de 2008

Santo de Julho


16 de Julho-Nossa Senhora do Carmo


A historia de Nossa Senhora do Carmo está ligada a um grupo de monges que foram expulsos do monte Carmelo pelos sarracenos e que peregrinaram até encontrar um local para fundar um mosteiro. As gerações dos monges se sucederam através dos tempos. No século XIII, entretanto, os muçulmanos invadiram a Terra Santa e os eremitas do Monte Carmelo fugiram para a Europa. Nessa época, tinham como superior geral São Simão Stock o qual, enquanto rezava pedindo a Nossa Senhora que protegesse a Ordem dos Carmelitas dos perseguidores, recebeu das mãos de Nossa Senhora do Carmo o escapulário:“ Eis o privilégio que dou a ti e a todos os filhos do Carmelo: todo o que for revestido deste hábito será salvo” . Em 1950, o papa Pio XII convidou os fiéis a “colocar em primeiro lugar, entre as devoções marianas, o escapulário, que está ao alcance de todos”.
Oração
Ó Deus, Pai de Bondade, por intercessão de Nossa Senhora do Carmo, protegei-me de todos os perigos e dai-me a graça de ter uma boa morte. Protegei minha família e fazei crescer em meu coração o amor a Vós e à Virgem do Carmo.Amém. Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós.

Texto retirado do site http://www.religiaocatolica.com.br/



(Esta coluna foi preparada por Erica S. Tamura, Roxane M. Tikazawa, Monique V .B. Costa Jovens Peregrinas da Comunidade de Tsuchiura)

Missa em Kashima

No dia 22 de junho,às 12:00, a comunidade de Kashima teve sua primeira missa celebrada em português pelo Pe. Nelson. Apesar do tempo chuvoso compareceram umas trinta pessoas. Desde o inicio o pároco, padre John Yamada, tem dado apoio, o que vem sendo correspondido pela comunidade japonesa local. Para chegar a Igreja o Hotel Aton´s Wedding é a melhor referência.
As missa em português serão aos 4º.domingos as 12:00hrs
Paróquia 26 Mártires do Japão
〒314 - 0144
Ibaraki-ken Kashima-gun
Kamisu machi Onohara1 - 7 - 3
Telefone: 029-992-1511(japonês)
Pe. Nelson 090-3245-3420

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Minha Familia Peregrina 5






SONHOS, LEMBRANÇAS E LUTAS



Não sei como, mas o fato é que chegou às minhas mãos, uma cópia do passaporte dos meus pais. Passaporte familiar, onde está a foto da família: papai, mamãe e minha irmã, com 2 anos e 5 meses. Diz que é tradução e está em francês. Vejo que a família embarcou em Kobe – Japão, no dia 24 de Junho de 1928 e desembarcaram em Santos-SP. Brasil, em 16 de agosto do mesmo ano.Viagem sofrida, pelo que ouvi dizer. Minha mãe sofreu de enjôo toda a viagem. Quanto a mim, por haver nascido 14 anos após a chegada, e sendo a última entre 5 irmãos, acredito que perdi muitas das histórias e experiências vividas por eles, não só da viagem, mas dos primeiros anos em terras brasileiras. Os quatro que nasceram no Brasil, nasceram no Estado de São Paulo, na região de Bauru, onde havia chegado, antes de papai, o único tio que conheci. Para meu pai, esse seu irmão foi a referência e apoio, durante muitos anos. Papai trabalhou vários anos em terras arrendadas, plantando algodão. Luta dura travada por causa do escasso conhecimento do idioma, a insegurança no relacionamento agrícola, entre as leis do contrato, do preço do algodão, etc. Com as mudanças contínuas, os filhos não podiam freqüentar uma escola de um modo sistemático. As primeiras lembranças que tenho é de pai, mãe e filhos, ao redor do fogão a lenha, treinando a escrita em português. A primeira propriedade adquirida foi um imóvel urbano em Bauru. Isso após 20 anos de luta. Entretanto começava a onda migratória para o Norte do Paraná, quase a Terra da Promessa, onde manava “leite e café”! Também a minha família entrou nessa. E... Que decepção! O lote de 25 alqueires adquirido com tanto suor e fadiga, era um lote fantasma! Vendido para duas pessoas e claro está que quem perdeu foi o “Japonês” que não sabia a língua e não entendia de leis.Seguiram outros 6 anos de duro trabalho, desta vez, formando café nas terras de um fazendeiro Inglês. Papai faleceu com 78 anos, dos quais 48 de Brasil, conhecido e chamado de “Papai” por muitos do lugar. Mamãe sobreviveu ao pai 8 anos. Também foi a mãe de muitos, pois se referiam a ela de “Mamãe”, desde o padeiro até o médico. A Terra que adotaram como sendo sua nova Pátria, onde tanto sofreram e lutaram, também lhes deu muita amizade e carinho, afinal, a maior riqueza que eles ajuntaram no Brasil.

“Não ajuntem riquezas aqui na terra...
Onde os ladrões assaltam e roubam.
Ajuntem riquezas no céu,
onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam”
Mt.6,19-20.

Ir. Cazuko Horie, ccv

Mapa de acesso - Igreja Católica de Tsuchiura

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